A CamYnho

Passam-se tantos anos que nem reparamos que vamos ficando mais velhos. Apercebemo-nos desse facto, ocasionalmente, quando por algum motivo nos encontramos perante escuteiros mais novos. Quando nos dizem que já nasceram depois de 2000. Tem um som tão estranho. “Nasci em 2006”. Ninguém nasce em 2006! É isso que logo nos vem à cabeça. Mas um dia, deixa de ser algo estranho e passa a ser realidade. Chega o convite de uma equipa de animação, é lançado o desafio de abraçar-mos uma nova fase da nossa vida. Mas antes disso, temos que primeiro partir. Despedir-nos daqueles que deixamos para trás. Pôr um ponto final, cheio de nostalgia num capítulo da vida que está a chegar ao fim.

Assim foi que no dia 28 de Setembro de 2012, pelas 21.00 nos começámos a encontrar na Igreja de Santo António. Um a um íamos chegando e entregando os nossos ficheiros informáticos ao chefe do portátil. Adivinhe-se claro que é o Sérgio. Que novidade! Tic tac, tic tac. O cântico de entrada deu início à nossa pequena cerimónia. A início fomos chamados, para depois percorrermos a igreja, enquanto cada um falava um pouco sobre os símbolos que guiam os caminheiros, para todos no final, junto ao altar, desconstruirmos a palavra CAMYNHO e nela embuir-mos sentidos e sentimentos, letra a letra.

Mas o auge daquela noite estava para chegar. Perante lobitos, exploradores, pioneiros, caminheiros, chefes, pais e convidados variados, todos nós expusémos um pouco da nossa vida. Em cartolina, em discurso, em Power Point, ou num pouco de todos. Falou-se do que é ser escuteiro, do que é crescer no escutismo, do que o escutismo nos trouxe e de quem nos tornou. Foi um momento muito pessoal, de trazer lágrimas aos olhos por mais do que uma ocasião, tal como sorrisos e gargalhadas em tantos outros. Aproveitei para agradecer àqueles que me marcaram, e tive o privilégio de ter quase todas essas pessoas ali presentes, mesmo as que não estava à espera. E no final, perante um clã também ele emocionado, sentir-me incapaz de terminar as últimas frases de agradecimento pelo tempo passado na IVª secção, tal não era a emoção que já transbordava e acabou por culminar em choro. Em 7 elementos que faziam a sua partida, todos partilharam uma vida diferente. Uns, que viveram o caminheirismo até ao final. Outros, que já estiveram até em outros agrupamentos enquanto animadores mas regressam agora a “casa”. Outros que nem ao clã chegaram, mas que aceitaram o desafio de caminhar na Animação connosco. Uma bela colheita esta ano, se me permitem dizer. Heterogénea, mas que sem dúvida veio ajudar a agitar e animar o 495!

Passado este momento de emoção, todos se foram embora. Todos menos os 7 que estavam de partida e a Animação. Um pequeno raid tinha sido preparado para todos nós! Dividido claro, em várias partes. Incialmente, cada um caminhou consigo e com a sua fiel vara, para logo depois se cruzar com outros e com eles prosseguir caminho, confiando de forma total no companheiro. Claro que o facto de termos que ir vendados parte do caminho ajudou a criar esta confiança, mas isso faz parte do jogo!

 

E no fim, o trajecto final que nos levou a montemor, ao TOPO de montemor. Tudo para podermos elaborar uma obra de arte representativa das 4 secções em união. E a quem a quiser ver, é só olhar para a parede da nossa Secretaria!

Foi um bom momento. Um reencontrar de pessoas que tinham divergido há muito tempo umas das outras. Partilhar o pão, o caminho, as histórias, o passado e as expectativas do futuro. E claro, o frio que se sentia em Montemor, esse foi também comum a todos. 

Aos que comigo partiram, Diogo, Tiago, Vanessa, Gonçalo e Tiago, boa sorte nesta nova Jornada! Aos que nos motivaram e acompanharam, ao meu clã, ao meu Agrupamento, espero poder servir da melhor forma! Aos que agora são meus novos companheiros de jornada, Paulo, Paula A., Paula F., Paula E., Susana R., Bruno, Sofia, Rebola, Amélia, Sérgio e Susana C., a todos vós um até já e um obrigado por nos fazerem sentir sempre tão bem recebidos!

Carlos Bento

Coruja Sagaz

Animador da Iª Secção